terça-feira, 24 de junho de 2008

Perdão Colorido

E a vida ganhou cores. Quando o dia começou, toda existência era breu. Os pássaros não cantavam, as flores eram todas opacas e inodoras, sem qualquer exuberância que delas, em plena primavera, é única . As falas das outras pessoas saem roucas e tímidas como crianças quando apresentadas a outras de mesma etária. Mas a vida ganhou cores! No momento mais inesperado, no minuto mais corriqueiro e efêmero, como aqueles em que espirra-se e recebe-se saúde; em um esbarrão, em um leve encontro de pés, soa a voz: “Desculpa”. O rosto tranqüilo permitiu transparecer o que, no auge de uma terça-feira pela manhã, pareceu ser um sorriso constrangido, que por si só transpassava o sentimento de perdão. Não havia necessidade de palavras. Apenas as feições transmitiam todo o conjunto de informações necessárias, mas ela o fez! Ela disse! Desculpou-se! Ah! Que canto mais belo o dos pássaros, nunca ouvira e duvido ouvir outro mais melodioso; nos tons e odores das flores encontrava-se uma magnificência ímpar; que deslumbrante sonho perceber que todas as mesmas pessoas de antes, não apenas falavam amistosamente, mas também cantavam umas para as outras.
Que delícia de terça-feira viva e colorida.

domingo, 15 de junho de 2008

Entenda quem puder

Outro dia me deparei com uma baita confusão chamada sentimento. Ah meu amigo, não gostaria de aborrecer-te, mas seria quase um sacrilégio não alertá-lo sobre ele, afinal se olhares bem ao redor tudo está envolto no ben(0u mal)dito sentimento. Se acordas bem sente-se feliz, se topas com o dedão numa pedra, que a dor, com quase toda a certeza, será lembrada o resto do dia, sente-se azarento, se teu time vence O clássico sente-se invencível.
Mas até aí o motivo da confusão não está esclarecido, certo? Sim, certo. Sinceramente nem eu entendi direito e talvez o principal fator para a produção desse texto é uma tentativa pálida e desacreditada de compreender esta bagunça.
O dia surge, o sol bate o seu ponto enquanto a lua volta ao seu lar para o devido descanso de um trabalhor dedicado, no ônibus ela já se encontra. Cara de poucos amigos, feições e trejeitos até bem masculinizados, facilmente rotulada como Maria-João por alguns, mas atraente de uma forma excepcionalmente diferente- lembra-se da confusão? Nossos diálagos são os mais complexos e enlevados que um olhar de aproximadamente 4 segundos podem promover, com ápices de 6 segundos nos dias em que nos encontramos enamorados. Como é lindo o nosso amor pela ótica de Platão, sem cobranças, sem ciúme, aberto e distante, frio... Doce ilusão. Descemos juntos, seguimos até a mesma esquina, vezes emparelhados, vezes um à frente do outro ou o outro do um. Sem despedida formal ela atravessa, eu sigo através da "boulevard of broken dreams", tentando inutilmente tornar a reecontrar o olhar apenas para dizer-lhe: amanhã, mesmo ônibus?
Amor à primeira vista dirão uns. Uma ova! Tarado, bradará a sra. mais conservadora e terei de dizer que não, até agora estou bem comportado e não demonstrei nenhum pensamento ou ato pecaminosos. Quem sou eu, porém, para recriminar rotulações agora? Nem entendo a mim...